sexta-feira, abril 18, 2014

Será que deveríamos reduzir a maioridade penal?

Vejo algumas pessoas falando sobre a redução da maioridade penal e por isso resolvi pesquisar sobre o assunto. A princípio eu era contra essa redução, mas ao tentar pensar em argumentos para sustentar minha opinião percebi que eram meio fracos. Portanto resolvi dar uma pesquisada mais aprofundada e agora eu sou mais contra ainda! E com um embasamento mais objetivo, ou seja, não baseado na "minha opinião".

Eis alguns dados:

- Dados do ano passado da Fundação Casa de São Paulo, mostra que de mais de 9016 internos, 82 estão lá devido a latrocínio (roubo seguido de homicídio). Ou seja, menos de 1%. A gente fica realmente muito puto com esses indivíduos que cometem esses crimes, principalmente quando sabemos que ele cometeu o crime às vésperas de completar 18 anos. Mas devemos estar atentos para não deixar que nossa opinião se baseie em exceções
Fonte dos dados da Fundação Casa: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/04/sao-paulo-tem-83-detidos-por-latrocinio-na-fundacao-casa.html

- É de ampla aceitação que o sistema prisional brasileiro não recupera bandido. É muitas vezes dito que "quem entra lá, sai pior". Os presídios já estão superlotados... Agora imagine colocar a molecada de 16 anos lá dentro!

- Sabemos que o crime organizado utiliza os menores de idade para "puxar o gatilho", levar a culpa e cumprir penas reduzidas. Reduzir a maioridade penal para 16 anos não vai resolver o problema. O que vai acontecer é que quem vai ser recrutado para puxar o gatilho vai ser o moleque de 15. E com isso surgiriam assassinos cada vez mais jovens.

- E por fim: se um moleque não recebe estímulo algum para estudar, não consegue vaga em curso profissionalizante, não consegue uma vaga no comércio, certamente na boca de fumo tem vaga. A rotatividade dessa "força de trabalho" é bastante alta e sempre precisa-se de um "funcionário" novo. Resumindo: se a sociedade exclui, o crime inclui. Portanto, sendo bem simplista, uma solução a longo prazo é investir em educação e programas sociais nas comunidades mais carentes.


Você pode estar pensando que eu falo isso porque não tenho um parente/amigo assassinado por um menor. E você está certíssimo. Até se um lindo bebezinho assassinasse meu filho eu realmente ficaria possesso de ira contra esse bebezinho e talvez desejaria cadeira elétrica. Mas será que isso resolveria o problema da violência?

[Achei esse artigo bastante esclarecedor e rico em fontes: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/04/pela-nao-reducao-da-maioridade-penal.html]

sábado, setembro 07, 2013

Resenha de O Barão nas Árvores

Eu cheguei a este livro olhando o catálogo da Companhia das Letras. E quando me deparei com o título "O Barão nas Árvores" na mesma hora lembrei da música "Sobre as Folhas" da extinta banda pernambucana "Cordel do Fogo Encatado" (no álbum "Transfiguração"). Isso já foi suficiente para eu ficar interessado em ler o livro. Li e gostei! :)

Tenho receio de fazer resenhas fazendo revelações do enredo. Mas quando a revelação é sobre algo que acontece bem no comecinho do é mais fácil de ser perdoado! :)

Cosme é primeiro filho e, portanto, herdeiro do Barão de Rondó. Com 12 anos ele se revolta com a família e sobe numa árvore, e a partir daí nunca mais pisa na terra. Se soubermos apenas isso antes de ler, pode-se supor que essa revolta tem um cunho político. Mas ao ler o livro percebemos que essa revolta é quase uma birra infantil. E isso é uma das coisas que eu achei mais bacana.

O livro conta a história de Cosme desde o dia da sua revolta até a sua velhice, narrando os conflitos, situações e dilemas típicos de cada idade. Mas, é claro, tudo isso com a peculiaridade de ser uma pessoa que decidiu viver sobre as árvores e nunca mais pisar no chão.

Além de falar da vida do Cosme temos os seguintes temas abordados: literatura; banditismo; amor; revolução francesa; Napeleão Bonaparte; relações familiares (pai, mãe, irmão, irmã); república; maçonaria; etc.


Esse livrou entrou para a coleção dos meus livros favoritos. Recomendo!

segunda-feira, agosto 26, 2013

micro resenha O Cavaleiro Inexistente

Livro de Italo Calvino.

Leitura rápida, bem humorada e leve.

Indico para quem curtiu Dom Quixote e o filme Monty Python em Busca do Calice Sagrado. Humor de cavalaria, com um toque de absurdo.

sexta-feira, agosto 02, 2013

ferramenta de busca Calvin e Haroldo

Para os fãs de Calvin e Haroldo (Calvin & Hobbes). Achei uma ferramenta de busca fantástica!

http://michaelyingling.com/random/calvin_and_hobbes/

Como isso me foi útil hoje: estávamos no assunto horóscopo aqui, daí lembrei que o Calvin tinha uma sequência de tirinhas sobre este tema, mas no meio dos 8 livros que tenho do Calvin como iria encontrar essas tirinhas sobre horóscopo?

Usei a ferramenta acima e pesquisei "horoscope". Bingo! As tirinhas que eu queria estão no livro "os dias estão todos ocupados".

Realmente muito útil!

quinta-feira, agosto 01, 2013

mini-resenha - A Invenção de Hugo Cabret

Quem já viu o filme e sacou qual é da história, né? Tem o seu toque de suspense (o garoto tem que viver escondido), mistério (que "robô" é aquele) e uma pitada de aventura (andar sozinho pelas ruas a noite)... Mas o livro é muito mais do que aquilo visto no filme.

Não estou apenas querendo dizer aquele velho clichê de que ler um livro é melhor do que assistir a sua adaptação cinematográfica. O caso é que este livro é um pouco mais peculiar... A história é contada não somente em prosa (frases, parágrafos, etc.). Em alguns trechos mais dinâmicos a história é contada somente por imagens. Veja bem, as imagens não aparecem para ilustrar um trecho que está escrito, elas fazem parte da história, elas contam aquela parte da história. Não dar atenção às imagens é perder parte da história. E não há explicação alguma de que a história é contada assim, o leitor simplesmente percebe. Achei isso muito bacana e original (não sei se posso falar que o autor foi criativo e original ao fazer isso, mas eu nunca vi em outro livro).

Ah sim: as ilustrações são bem bonitas!

quarta-feira, julho 31, 2013

Resenha - A Insustentável Leveza do Ser

Este foi o primeiro livro do Milan Kundera que eu li. Espero que não seja o último! :D

A maneira que ele escreve faz com que o livro pareça uma conversa de bar. Explico: quando estamos batendo papo, contando um causo, não contamos simplesmente que aconteceu o fato 1, depois aconteceu 2, em seguida aconteceu 3, e finalmente aconteceu 4 e acabou. Na prática a gente sempre para um pouco a história e começa falando de outra coisa.

Um exemplo hipotético do nosso dia a dia:

Duas vizinhas se encontram e batem papo.

- Menina, eu estava indo ao banco pagar a conta de luz e veio uma moça, super bem vestida e simpática, começou a puxar papo. E no meio da conversa, quando estávamos numa rua deserta, ela me assaltou!

Só com essa frase já dá pra essas duas vizinhas conversarem o resto dia falando de preconceito (pois a senhora não esparava que uma moça bem vestida e boa de papo pudesse ser uma assaltante), de como os bancos estão sempre lotados e ninguém respeita o fato de que os idosos tem preferência nas filas, ou falar de como a conta de luz está ficando mais cara... Depois de falar de tudo isso a senhora que foi assaltada termina contando como foi parar na delegacia para fazer o B.O.

Essa seria minha analogia ao livro do Kundera. Ele fala do amor entre Tomas e Tereza, e Franz e Sabina. Mas calma! Não desanime! Não é uma história de amor! Quer dizer, é sim. Mas é muito mais! Não é uma história de amor piegas, para menininhas namoradeiras... (tenho que ressaltar isso, pois se eu lesse uma resenha dizendo que "a insustentável leveza do ser" é um livro de amor provavelmene eu nem teria lido)

O Kundera usa essas relações amorosas pra falar de muita coisa: filosofia, política, história, Primavera de Praga (invasão das tropas soviéticas na República Tcheca em 1968), Beethoven, comunismo, mitologia, comportamento humano, literatura, um pouco de erotismo... E tudo isso no meio da história de Tomas, Tereza, Sabina e Franz.

Outra característica que torna a narrativa do Kundera parecida com uma conversa informal é a cronologia da história. Ele de repente conta uma coisa lá da frente, depois volta como se tivesse lembrado naquela hora de contar uma coisa que ficou, depois conta sob um ponto de vista de outro personagem...

Enfim, recomendo. Mas aqui vão algumas ressalvas.

Livro indicado para:
  • quem gosta de filosofia, história, política e coisas do gênero;
  • quem é adulto ou já tem uma certa "bagagem", para poder desfrutar do livro de maneira mais completa;
Livro não indicado para:
  • quem nunca amou;
  • quem não gosta de filosofia, história, política e coisas do gênero
Não estou sendo repetitivo gratuitamente. Um colega quando me viu com esse livro, chegou esculhambando com um repúdio tão grande... Falando que não conseguiu nem passar das primeiras páginas. Acontece que nas primeiras páginas o assunto é o conceito filosófico do eterno retorno, formulado pelo Nietzsche. Logo concluí que não se deve recomendar "A Insustentável Leveza do Ser" para quem não curte essa pegada filosófica.

Resenha - Desventuras em Série

É uma série com 13 livros.

Três irmãos perdem os pais num incêndio misterioso que consome toda a mansão onde moravam. Os órfãos são: Violet, uma adolescente que gosta de inventar coisas; Klaus, um pré-adolescente que gosta muito de ler; e Sunny, uma bebezinha que gosta muito de morder (?!). Em cada livro eles vão mudando de tutores e sofrendo com as tentativas do FDP do Conde Olaf de ficar com a herança dos órfãos.

A seguir relaciono algumas características que me fazem gostar desta série:

  • os órfãos usam suas habilidades para se livrar das enrascadas (inventar, ler e morder);
  • vez por outra alguém morre (tá, os personagens principais não morrem, mas nem sempre se dão bem);
  • o narrador é uma espécie de personagem repórter da história e em vários trechos tem umas sacadas/piadinhas (comentários, alfinetadas, definições de expressões, aforismas, e coisas do tipo);
  • a maioria dos personagens são bastante caricatos, ou seja, suas características são bastante exageradas (o conformado, o petulante, o metido a rico, o otimista, o que tem medo de reclamar, etc) e isso é muito interessante para que a criança-leitor identifique alguns conhecidos com as mesmas características.
  • tem um mistério a ser resolvido: o que causou o incêndio da mansão dos Baudelaire.

O autor é Lemony Snicket e no Brasil os livros foram publicados pele Companhia das Letras.

segunda-feira, julho 22, 2013

pseudo-resenha: O BGA

Motivos pelos quais eu indico a leitura:

- Gostosinho de ler com/para o filho.

- É divertido. Uma diversão infantil, é verdade. O nome dos gigantes bem legal, como Esmagamãe, Estripapai, etc.


Livro não indicado para:

- Quem não gosta de literatura infantil.

- Quem não tem filho(s).


Curiosidade:

-  Roald Dahl é autor também de "A Fantástica Fábrica de Chocolate" e "Matilda". Sim! Matilda é aquela garotinha do filme que carrega livros num carrinho.

quarta-feira, abril 24, 2013

Resenha - As Cronicas do Gelo e Fogo

Comecei a assistir a série A Game of Thrones e gostei. Fiquei embasbacado com a ambientação medival (pra quem é fã de Tolkien, é fácil gostar disso), as tramas, intrigas e tudo mais (mulépelada). O interesse cresceu e daí resolvi começar a ler os livros (As Crônicas do Gelo e Fogo). Aliás, A Game of Thrones é o nome da série da HBO, mas nos livros é o nome apenas do primeiro volume.

Fazendo uma rápida comparação com O Senhor dos Anéis, posso dizer o seguinte: apesar de As Crônicas do Gelo e do Fogo ser muito mais volumoso e mais "adulto" (ou seja, contem certas doses de violência e algumas poucas de sexo), é uma leitura bem mais fácil do que O Senhor dos Anéis.

Conversando com um colega sobre O Senhor dos Anéis, ele reclamou: você lê, lê, lê e não acontece nada! Quando li Tolkien, lá nos meus 16-17 anos, eu era louco para ter os livros de O Senhor dos Anéis de tanto que lia sobre eles nas revistas de RPG. E aí quando tive a oportunidade eu li tão feliz que nem reparei nesse "não-acontece-nada". Simplesmente curti a leitura e as descrições detalhadas do Tolkien.

Acredito que o G.R.R. Martin se ligou nisso de "não-acontece-nada"... Em As Crônicas do Gelo e do Fogo (que raio de nome grande!) está sempre acontecendo alguma coisa. Mas também, se ele fosse tão prolixo detalhista como Tolkien, teríamos que reservar uma prateleira inteira de nossa estante só para "As Crônicas...".

Outra tática legal que o Martin usa para prender a atenção do leitor e evitar um possível marasmo, é ficar a cada capítulo mudando de "personagem-foco". Pelo que andei googlando estes personagens são chamados de PoV characters, ou personagens ponto-de-vista (tradução livre). Dessa maneira a leitura não fica enjoativa. Pois um capítulo acompanhamos o Eddard Stark e sua preocupação com a honra, fazer as coisas certas, etc. Em outro capítulo acompanhamos a Sansa Stark e seu sonho de ser uma donzela da corte. Também tem o Tyrion Lannister, o anão de língua afiada. Tem o Bran, Catelyn, Arya e por aí vai...

Concluindo: se você gostou de ler Tolkien, gosta de histórias com ambientação medieval, e gosta de uma história bem contada, recomendo a leitura de As Crônicas do Gelo e Fogo!

Só tem um porém: a história de "As Crônicas..." ainda não terminou de ser escrita! G.R.R. Martin ainda está escrevendo os dois últimos livros (totalizando 7).